O FIM DA TRANSCENDÊNCIA E A PERVERSÃO RELIGIOSA

Autores

  • Edebrande Cavalieri

Resumo

O cenário religioso brasileiro tem sofrido mudanças significativas nas últimas décadas. As pregações dos religiosos evocam mais um “mundo sem limites”, “sem finitude”, “sem dor”. O bem maior que se prega e que se exige que se faça presente no próprio culto é o “milagre”, “a cura”. O fiel seja ele pentecostal ou mesmo católico almeja deixar a situação de desamparo; então o “milagre” aparece como um verdadeiro tampão que nos livra do vazio, da dor. Parece que se prega nos púlpitos uma promessa de livramento da condição humana. A celebração da Eucaristia em alguns meios católicos vem sendo convocada para “a cura e libertação”. O mercado religioso está repleto de ofertas de gozo pleno. Reduzir a experiência judaico-cristã a esta oferta de gozo pleno é empobrecer a riqueza desta cultura religiosa. Como iremos ler e interpretar o mito do jardim do Éden? Como entender o conceito de esvaziamento da reflexão paulina? Como assumir o túmulo vazio com a morte de Jesus Cristo? O judeu-cristianismo nos legou uma cultura de grande referência com a condição humana. A oferta dos púlpitos retira os fiéis da condição humana. Este trabalho, tomando por base o pensamento de Jean-Pierre Lebrun, busca descrever a trajetória moderna na formação de uma cultura ateística que altera profundamente a constituição do laço social tornando a experiência religiosa como uma verdadeira “perversão religiosa”, constituidora uma cultura sem o outro, sem qualquer tipo de transcendência decorrente do fundamento da alteridade.

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Publicado

2019-09-30

Edição

Seção

Resumos do Congresso Internacional da Faculdade Unida